Olhem, deu-me para isto!
Deixei o sexo e apeteceu-me comentar a polémica da licenciatura do nosso primeiro ministro
Num país onde a educação se desaprova pelos níveis mais baixos da Europa temos uma população a sentenciar uma pessoa, apenas porque as datas e disciplinas de um diploma e o preenchimento de uma ficha biográfica não coincidem.
Ninguém suspeita que a licenciatura foi finalizada pois nunca esteve em causa a sua licenciatura mas sim o trajecto académico. O que mais me importuna é a forma como as pessoas conferenciam no café sem qualquer conhecimento da matéria. Até o título de engenheiro se torna ambíguo. É correcta a conceitualização dos títulos, na realidade só tem o título de engenheiro e advogado os que estão inscritos nas referidas ordens! Mas a poeira e as condenações são, precisamente, levantadas por pessoas que nada compreendem e que em situações análogas se assumem pelos títulos mais favoráveis. Tão criteriosos numas situações e nada noutras.
Ainda que não inscrito na ordem dos engenheiros qual é a pessoa que tem uma licenciatura em engenharia e diz que é doutor porque é apenas licenciado ou qual a pessoa que tem o curso de direito e não diz que é advogado?
Um país onde a generalidade das pessoas, ao telefone, se identificam como Dr. ou Eng.º mas nunca leram um livro. Um país onde a importância por um diploma é tal que não importa a qualidade do percurso para o conseguir.
Quem não conhece pais que colocam os filhos, a partir do 10º ano, em escolas privados para alcançarem notas convenientes ao ingresso na faculdade. Uns para ingressar em medicina, outros para ingressarem num curso qualquer de uma universidade privada. Não serão estas pessoas que estão a referir que o nosso primeiro-ministro “comprou o curso”? O curso do nosso primeiro-ministro foi feito numa distinta e prestigiada universidade pública, apenas 5 cadeiras foram concluídas numa privada, por isso não me parece que seja por aí.
Alguém já se apercebeu do grau de dificuldade de uma qualquer disciplina no ensino superior privado e público? Apesar de se ouvir dizer que é semelhante, é intrujice. Basta analisar as médias das classificações finais dos cursos nas universidades públicas e privadas. Será acaso que alunos com médias mais altas de secundário e que ingressam nas universidades públicas, depois, na conclusão dos cursos alcancem médias inferiores?
No entanto, os professores formados nas universidades públicas e privadas concorrem ao ensino público, em igualdade. Será justo um aluno duma universidade privada com média de 16 entrar à frente de um de uma pública com média de 13? Seria se o grau de exigência nos conteúdos programáticos fosse idêntico.
Talvez por uma grande parte do cursos do ensino básico serem privados, observamos o início da escolaridade dos nossos filhos anunciada. Professores sem motivação para a matemática a leccionarem o ensino básico. Pais obcecados pela protecção dos filhos que anseiam a qualquer custeamento que o filho tire um curso superior. Pais que remuneram pelo depósito dos seus filhos nas escolas e com a alegação do stress e falta de tempo negoceiam bens materiais com os filhos, mas em contrapartida vemos os cafés e a net, lotados de pais a esbanjarem o seu tempo. Professores que recusam teses de doutoramento recebidas noutros países e utilizadas para grandes projectos de investimento.
Não quero acreditar que, nuns pais assim, apliquemos dias e dias a explanar o caminho académico de uma pessoa. Não quero admitir que as audiências da entrevista do nosso primeiro-ministro venceu a das novelas no instante em que debatia a sua vida académica e quando explanava os problemas dos pais decresceram a pique. Que pais temos nós onde só agradam bisbilhotices e futilidades da vida social das figuras publicas?
Não posso desprezar, aqui, as contrariedades em algumas das declarações mas serão assim tão importantes ao ponto de mobilizar conversas de café, ocupar telejornais e primeiras páginas de jornais? .
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. Depois de sexo.....Sócrat...