Lá numa terra longínqua, viviam varias meninas, meninos e assim-assim. Um país cheio de cor onde, um dia, qualquer um de nós pode chegar. Nessa sociedade e no meio de um pasto, aparentemente, verdejante encontravam-se várias casinhas onde as pessoas se descobriam sempre que lhes era consentido. Umas, maiores, albergavam várias pessoas, outras mais pequeninas acolhiam apenas duas e outras existiam onde apenas nós e quem nós desejávamos podiam entrar. Não posso dizer que era a Terra do Nunca mas poderia arriscar a dizer que era o Pais da Maravilhas, pelo menos à primeira vista.
Os comboios que chegavam durante todo o dia e de segundo a segundo, abandonavam as pessoas num local onde tudo era autorizado, podiam fazer e dizer tudo que lhes apetecia.
Chegavam com bilhete-de-visita, roupa nova e expectantes quanto ao que aquela terra dourada lhes podia trazer.
Era uma loucura, os cabelos loiros fulguravam, os sapatos altos autenticavam, o dinheiro exuberava e as conversas revelavam as viagens, vivências e bens que possuíam. Sem exagerar parecia a socielity do início do século XX. A Gula procurava, desesperadamente comida, a luxúria expunha todos os seu méritos, a Ganância apurava ao pormenor o melhor partido, a Preguiça dormia dias e dias, a Vaidade contava todas as sua vivências vezes sem conta, a Inveja espreitava e a Ira rezingava de dia e de noite. Em cantinhos da estação e diga-se que eram os lugares mais quentinhos, permaneciam o Amor, a Cortesia, o Companheirismo, a Fidelidade, a Pureza, o Patriotismo e até o Sagrado. Só as dos cantinhos se protegiam das intempéries, já que estavam protegidos do vento, do ar, do sol e da água. A sombra até lhes permitia ver melhor o sol.
Quando cheguei a esse sítio percebi que existia um espaço livre e acomodei-me lá com o meu amigo. Foi neste espaço que vi a historia que vos vou contar.
Era uma vez uma menina chamada Fama, que chegara no expresso do outro mundo, alojara-se naquele país e como já lá tinha estado conhecia melhor do que ninguém o que toda a gente cobiçava. Como diriam os meus antepassados….eram muitos anos. A Fama não era o pato feio, era sim fruto das desventuras da vida, assim como tantos outros. Para perceberem melhor vou separar a Fama enquanto ser humano e a Fama enquanto protagonista dos seus actos. A Fama como ser humano era igual a tantos de nós, gostava muito da Cortesia, do Companheirismo, da Fidelidade e de todas as outras pessoas de quem já falei. Só que naquele mundo essas pessoas eram escassas e no seu outro mundo tinham-lhe batido com a porta na cara, restavam a vaidade, a gula e todas as outras pessoas que já mencionei. Juntou-se a todos. Mas o êxito foi na aproximação com a Ira. Foram a Ira e a Fama que despertaram todos os outros. Até a Preguiça que dormia, constantemente, acordou e deu a sua opinião. A Gula, no meio daquela confusão só procurava comida, a Luxúria vestida de vermelho não parava de mostrar as suas obscenidades e até a Vaidade aproveitou para mostrar a sua roupa nova e dizer que sabia como eliminar a Fama. Interessante! Todos sabiam como eliminá-la, todos a condenavam mas todos rabeavam, por todos os lados, para descobrir mais alguma coisa. Qualquer coisinha que ateasse a Ira e a Fama era bem vinda, exactamente o que ela desejava.
A Fama era “esperta”!!! Jogava o jogo de cada um, queria a Ganância, esta aparecia, queria a Inveja esta aparecia e por ai fora. Não fosse eu saber que para se ter algo se dá o que o outro quer e eu não perceberia nada destas coincidências.
Esqueceram foi uma coisa, a Fama conhecia muito bem todas as pessoas que se tinham, tolamente, dado a conhecer. A Fama, no entanto, associada da sua amiga Ira esqueceu que para conquistar algo tinha deixado escapulir alguns dos seus segredos e usado de estratégias menos viáveis e passíveis de alguém as compreender. Estratégias hediondas, confesso!
Vá lá, vá lá, estava tudo comprometido. Era o mundo da net ,versão sete pecados mortais/sete virtudes cardeais.
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