Saboreamos o que comemos, tacteamos o que tocamos, cheiramos o que perfuma, mas, engraçado, não ouvimos e vemos aquilo que dizem ou nos mostram mas sim o que queremos ouvir e olhar.
A meio e em continuidade de uma conversa pergunto-lhe como era a pessoa que tanto gostava e ao qual a pessoa responde:
- É uma pessoa muito parecida contigo até tem o teu nome, a tua idade e faz anos um dia antes de ti.
Curiosa de tal coincidência, insisti em mais pormenores aos quais me respondeu:
- Essencialmente, é organizada e tem um bom nível de cultura geral e conhecimento, assim como tu.
Foi a insistência do “assim como tu” que me despertou a curiosidade. O conhecimento não se adquire a ler umas coisas ou a ver uns programas, são anos e anos de dedicação. O que me falta a mim saber! Assim o tempo me o permitisse!
Não vou deambular pela forma como pude avaliar a comparação quero, simplesmente, dizer que uma pessoa que não sabe distinguir o Dubai do Kinshasa, nunca leu uma obra literária, não sabe o significado de verosímil, não sabe diferenciar o copo de vinho tinto do branco, não sabe a diferença entre Heavy Metal e Hip hop, escreve acessor em vez de assessor, não sabe os filmes mais nomeados, não sabe o que é o Windows e até pergunta onde fica o Dubai e como se é capaz de levar os filhos para lá passar férias, não pode ser detentora de conhecimento em “cultura geral”.
Será que cultura geral é sinónimo de ler umas coisitas, é indiferente se é a Maria, a Lux, a Exame, a Super interessante, o Diário da minha paixão ou os Cisnes Selvagens, Paulo Coelho ou William Golden?
Será que cultura geral é explanar qualquer assunto quando o seu interlocutor sabe menos e se entusiasma com o que escuta?
Será que a imagem da pessoa somos nós quem a formamos da forma como desejaríamos que fosse e assim a vemos e ouvimos?
Que grande insulto ao conhecimento!
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