Anos que passaram ora a voar ora a passo de caracol!
Alguém me dizia: o que te falta?
Pois bem chegou o momento de avaliar!
Anos e anos em busca do saber
Anos e anos devotados ao amor de uma família
Anos e anos a delinear e materializar projectos.
Realmente visto desta forma, não me faltou nada
Nem diplomas, nem filhos fantásticos, nem viagens, nem bens materiais.
Até trabalho, sexo e reconhecimento nunca faltou
Faltou-me isto,
O céu iluminava-se de púrpura, seguidamente de dourado e logo escarlate. Abatia-se sobre a areia alva a chuva pertinaz e impetuosa. Ao fundo, o mar acoitava a contemplação. Os relâmpagos delimitavam o território e afogueavam o palco. A chuva e o calor da noite confundiam-se no corpo numa impressão descuidada e afável. A melodia aligeirava o coração, explodia nos ouvidos e ampliava o temor e o olhar. Sentia os olhos esmiuçados de tanto decidir apreciar, o coração a trepidar de aparvoamento e a pele humedecida de prazer.
Tenho tanta pena que apenas tenhas dito, é giro!
Lembras-te dos locais que percorrias só para me sustentares o sonho. As praias de areia branca que visitamos, os jantares que preparamos e os jogos que jogávamos.
Recordas-te dos dias, das horas e dos minutos que contávamos para que ele chegasse e reparasse nas boninas, na vestimenta ou naquilo que tínhamos aprendido.
Lembras-te dos deleites sexuais que desvendávamos, do som e do toque que queríamos abarcar e das singularidades que intimávamos.
Lembras-te dos planos que fazíamos para descobrir o que mais lhe agradava.
Nunca os conheci, quando chegava à altura só o fisico se produzia porque o aroma era vazio, o tacto agreste, o sabor amargo, o olhar longínquo e o som ténue. Estava sempre ocupado com algo!
Tenho tantas saudades dos nossos sonhos, pelo menos sonhava,
Agora até tenho tudo mas cada vontade no seu tempo e o meu já passou.
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