Quarta-feira, 16 de Maio de 2007

Olha a "gaja loira".....

Ups, um dia em cheio!

No nosso refugio, numa casinha de aldeia onde alguns dos nossos fins-de-semana são vividos longe da agitação, frivolidade e sufocação. Uma casa traçada pelas nossas determinações, grados e na qual os nossos esboços se espelhavam em tudo. Na decoração, arquitectura e exterior paisagístico o nosso trabalho era notório. Todos os pormenores, as cores, os tecidos e a disponibilidade de espaços reflectiam as nossas indispensabilidades.
Um enorme telheiro estava voltado para uma paisagem magnífica e para um potencial jardim que tínhamos alvitrado criar. Como seria o jardim?

Durante o pequeno-almoço no telheiro a conversa acerca da arquitectura paisagística desse espaço ocupou todo o tempo. Estávamos na Primavera, o sol radiava sobre os pilares da varanda e o terreno que hospedaria o nosso jardim cobria-se de flores silvestres, giestas, urzes, malmequeres e papoilas, concertando um pintalgado de vermelho, roxo, branco e amarelo. Tudo prosperara à lei da natureza. Ao fundo, as oliveiras enroupavam a terra árida em tons esverdeados.

De luvas, avental e alguns utensílios de jardinagem era a forma como nos víamos a criar toda aquela imagem que iria ser o nosso jardim. Não sei se conseguiríamos! A nossa experiência era nula mas a determinação era intensa.
Até conseguimos rir quando mencionamos a nossa reprodução, de carrinho na mão e chapéu a acarretar terra, pedras e plantas.

Mau, mau… aquela fantasia já estava a criar uma inquietação para principiar. Que carga de trabalhos! Quando os picos estragassem as nossas mãos, o calor atordoasse os nossos corpos e as costas, no final do dia, se ressentissem dos esforços. Iria ser lindo! Que raio de ideia nos tinha vindo à cabeça! Mas acho que iria ser fixe! Todos emporcalhados de terra, sempre a rezingar porque aquela pedra ficaria mal ali ou aquela planta não sobreviveria pois o clima não seria ajustado ou até porque um de nós tinha feito porcaria e tínhamos que desfazer e fazer de novo. Conseguia afigurar um de nós a dizer: - Eu não te disse que não era assim! Não ouves o que eu digo. É sempre a mesma coisa. Quem te manda fazer o que não sabes?
Mas no final do dia algum resultado assomaria, nem que fosse uma caricata imagem, seria aquela que havíamos criado.
O meu companheiro não parava de sonhar, já era normal, quando se entusiasmava com alguma coisa não parava enquanto não a concretizasse.

Enquanto estava aqui a cogitar na forma como descreveria o jardim, interveio na minha mente um acontecimento de dois dias anteriores, no meio urbano e numa discoteca.

Eu sei que nada tem a ver, mas a nossa mente é assim e quando lhe dá, faz umas incorporações que ninguém compreende. Também não interessa, afinal já sei que quem está a ler isto está a pensar descontinuar porque a horticultura é uma “seca” e como reconheço que o maior propulsor da leitura são os relacionamentos.

Bora lá falar de relações.

Afinal já há quem avance um bocadinho mais no texto.

Num bar diferente dos que costumo frequentar ou melhor um bar que a sociedade aceita. Um bar onde são admitidos casais e singles, um bar onde são permitidos todos os relacionamentos. Um bar, melhor uma discoteca. Já tenho dificuldade em dizer discoteca, talvez pela idade! Uma discoteca com duas pistas de dança, uma de mambo e outra de house.

Que confusão que andava por ali, “dançar com os olhinhos” era o estilo que prevalecia. Já sei que não conhecem esse estilo mas eu explico, as pessoas estavam de tal forma acanhadas que a única coisa que conseguiam mexer ao som da música eram os olhos! Mas tudo bem, no mínimo era distinto do que estava acostumada e até reconhecia as musicas.

Tudo corria bem até uma “gaja” se avizinhar do meu companheiro e com o que o espaço lhe permitia se manear fazendo de conta que dançava. Fazendo de conta porque, sinceramente, não percebi se aquilo era dança de rua, do ventre, de salão ou moderna. A única coisa que fazia era manear-se, desajeitadamente, e aproximar os cabelos loiros da cabeça do meu parceiro.

Eh! Comecei a olhar aquela estatura e eis que fico sem entender nada. O cabelo, quase passado a ferro de tão distendido que estava, apresentava uma cor loira, amarela ou descorada que não consegui identificar. As raízes escuras do cabelo criavam um traço escuro no cimo da cabeça. A roupa com os brilhantes e os grandes acessórios como brincos, pulseiras, colares e relógio mais pareciam o adorno de uma árvore de natal.

Não me perguntem a idade! Porque não consegui identificar. O cabelo não era o dela, o olhar com as pinturas não eram reais, a pele coberta de cremes não deixava transparecer a lucidez do tom e da textura, o corpo coberto de pechisbeques alteravam a forma e as maneiras, não percebi bem se eram de uma pessoa madura ou jovem. Ah! Já esquecia um pormenor. No meio daquelas roupas da “Zara” tinha uns óculos de sol a fazer de bandolete da “Guess”. Não tinha notado que ali havia sol mas pensei melhor e compreendi que os óculos estavam na cabeça e não nos olhos. Comecei a pensar se o conceito de óculos de sol que eu tinha era diferente. Parece que sim. Os óculos de sol, afinal não eram para proteger do sol. E a carteira da “Burberrys”? Aí sim, fiquei atónita. Uma carteira de 350 euros no meio daqueles trapos de 20 euros e pingentes de 10 euros.

Pelo que percebi, era o conceito de “gaja boa” e o mais grave era que estava a “fazer-se ao meu parceiro”, na minha frente. Seria sexo que queria? Penso que sim. Não, tenho a certeza que sim. Mas se era uma “gaja boa” porque precisaria de “dar em cima do meu marido”, é assim que se diz, não é?

Mau, cada vez entendia menos. Certo é que ela não descolava do meu parceiro, atribuísse eu os olhares de condenação que atribuísse ela não os apreendia.
O clima estava a ficar negro. Viria dali uma peixeirada? Ai, ai, comigo não!
Uma peixeirada, até era fixe, com aquele “cromo” era uma provocação! Viriam os seguranças, as mulheres puxariam os cabelos. Que filme, que comédia!
Pensando melhor, não seria nada, no dia seguinte iria acordar com sentimentos de culpa porque já tinha passado o filme.

Sabem a melhor? O estulto do meu companheiro sorriu para ela!
Desculpem meus amigos mas o texto já está muito extenso e tenho que trabalhar, amanhã continuarei este episódio.
sinto-me:
música: what I've done

publicado por dulci às 10:07
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