Quarta-feira, 9 de Janeiro de 2008
Saí de casa com uma determinação arrebatada de aventura. Era para um jogo de futebol que me dirigia. Ao entrar na auto-estrada decidi percorrê-la a uma velocidade alucinante.
Acomodei-me na faixa da esquerda e apercebi-me de um carro que me seguia. Percebi que teria uma de duas consequências: aceitar uma multa ou usufruir da inactividade dos radares e da polícia, por greve. Como não tinha conhecimento de greve alguma, optei por arcar a hipotética multa. Alguém me deveria desenredar. Já era hábito.
Um carro que me seguia ultrapassou-me, estava a insuflar a adrenalina necessária à peripécia.
Era nestas façanhas que eu pretendia um carro sem velocidades automáticas. O impedimento de intercalar as mudanças à medida que aumentava ou diminua a velocidade não tinha a emoção do manuseamento. Numa caixa "normal" eu reduzia ou aumentava a mudança sempre que me parecia mais perfeito, na caixa automática estava sempre prudente para avistar quando e como sucedia e, quase sempre, tinha a compreensão de que tinha sido mal reduzido ou qualquer coisa do género. Com uma caixa manual a minha sensação de erro quando reduzia, aumentava. Não era muito astuciosa na utilização do sistema de mudanças manuais que aquele carro possuía. As reduções, no modo manual, não eram tão velozes quanto as acelerações e os dois toques nem sempre executavam a dupla redução. No entanto o carro até representava uma gestão avançada do sistema e metia as mudanças com precisão. Era paranóia minha.
Avizinhei-me dele e num minguado instante excedi-o. Uma ansiedade estimulante obrigou-me a reagir e superar o obstáculo com a capacidade de raciocínio àquela situação total e actuei arriscando. Quando me aproximei dele o ritmo cardíaco acelerou mas consegui decidir o que fazer: acelerar, travar ou ultrapassar. Decidi por ultrapassar.
A aventura e impulsividade eram fonte de sentimentos eufóricos e o prazer, poder pessoal e velocidade provocavam-me emoções calorosas.
Estas situações sucederam-se durante toda a auto-estrada. Duas horas de viagem. Apesar de vontade não quis mais emoções com o detentor do adversário do meu carro. Não pude escolher, aquele jogo tinha sido delineado ao pormenor durante os últimos tempos, para não comentar o preço que havia pago pelo bilhete. O jogo era, decididamente, mais importante.
Um jogo de futebol cativava-me sempre, precisamente por ser um jogo. Um jogo em que só uma equipa ganhava. Um jogo assente em ligações de cooperação e união em comparação com o conflito e a destruição. Só um podia vencer e para isso era necessário que a nossa equipa, em cooperação e aliança, conseguisse, naquele conflito, vencer o outro ou seja destruí-lo. Caso não o fizéssemos os vencidos seríamos nós. O mais alegre neste jogo, não era o bailado dos intervenientes, apesar de eu ser apreciadora calorosa desse bailado, mas sim o golo que a equipa marcava. Um golo na baliza do adversário, ainda que este tivesse feito tudo para que não acontecesse, era o supremo do entusiasmo. Aí, sim, estava a beleza do futebol. As pessoas desvairavam, gritam, choravam e riam, meramente, porque a bola passava a linha branca. Um jogo com resultado zero a zero nunca tinha o mesmo embate e alvoroço nos observadores. Durante todo o jogo, as pessoas injuriavam o adversário e o árbitro, protegiam a sua equipa e exteriorizavam todos os pareceres próprios, mas os berros e a polvorosa dos momentos dos golos eram incomparáveis a quaisquer outras actuações. Quando a bola passava a linha branca os espectadores só tinham dois procedimentos: uns erguiam-se, bradavam, pinchavam e os seus rostos extravasavam de exultação, outros conservavam-se sentados, baixavam o olhar e os seus rostos entornavam melancolia e desapontamento.
Aquele jogo foi admirável no bailado dos jogadores, nos golos, no suspense, na agitação e, claro, na nossa vitória. Não foi fácil, o nosso adversário formou um magnífico espectáculo e disputou a vitória até ao final. Foram momentos em que gargalhei, pulei, apregoei, amargurei e esqueci tudo o remanescente. Portugal-Inglaterra. Porque seriam sempre estas as equipas a envolverem-me de tal forma?
Um dia em grandeeeee! que faltaria mais para completar toda esta felicidade? "FAZER AMOR". A noite traria isso! Alguém comentaria esta alegria no seio de lençois cobertos de magia.
sinto-me: bem
Terça-feira, 8 de Janeiro de 2008
Adeus companheiro que ao longo dos tempos ampliou a minha carapaça.
Adeus amigo que viveu na minha sombra.
Adeus sócio que admitiu a liberdade dos outros e impediu a minha.
Adeus finório que barrou todos os que se aproximavam de mim.
Adeus condiscípulo que me encontrou sempre em casa quando chegava.
Adeus colega que criou o seu mundo sob o meu.
Adeus consorte que sempre suspeitou dos meus feitos.
Adeus parceiro que me privou de enlaçar e sorrir.
Adeus defensor a quem só posso dar um nome, Sr. Medo.
É tempo de ser livre e, Sr. Medo, não será preciso dizer que sei que a sua companhia desta vez vai para quem o desprezou. Afinal, Sr. Medo, tanto tempo só favoreceu a minha aprendizagem.
Vá lá ajudar alguém, vá!
sinto-me: aliviada
Segunda-feira, 7 de Janeiro de 2008
Maria, uma mulher decidida, considerada e cobiçada por alguns homens, culta e quarentona destinara toda a sua vida à família. Não era afável, havia concedido todo o tempo da sua vida à actualização de saberes e formação académica. Resignara da carreira profissional para dispor de tempo para a actualização de conhecimentos e dedicação aos filhos. O seu companheiro, homem activo na sua vida profissional encontrava-se ausente na sua maioria do tempo. Maria descobrira na vida académica e na leitura uma forma de ocupar os seus tempos de solidão deixados pela ausência do marido.
Sempre acreditara no seu consorte e possibilitava-lhe toda a sua liberdade. Uma liberdade cega e bem aproveitado pelo marido, ou mal, não sei.
Naquele dia, enquanto Maria lia um livro que, em muito, se semelhava ao amor da sua vida recebe uma mensagem a declarar um relacionamento extraconjugal do seu companheiro.
Uma noite dos diabos.
Hoje Maria não confia em ninguém.
Não quero avaliar procedimentos mas tento de todas as formas compreender estes acontecimentos já que tudo mudou na vida desta mulher. Pode-se conviver sem confiar em ninguém? Pode-se viver sem sexo? Pode-se coabitar a relembrar o que lhe compuseram?
Maria vai vivendo a recordar as noites de sexo que o marido tivera com a outra mulher, a rememorar os telefonemas que lhe fazia e ele não atendia fundamentando que estava com clientes, a evocar as palavras da outra mulher a mendigar ao seu marido que deixasse refrear os ânimos e permanecessem recônditos. Uma mulher de decepções, abandonada por um marido que poderia ser seu pai, sem qualquer formação cultural ou académica e por sinal nada atraente. Teria também as suas qualidades, presumo, mas aqui o que preocupa são os valores que poderiam influenciar um relacionamento já existente
Hoje, Maria sente o desejo de ser almejada e de fazer sexo pois o seu marido perdeu, desde esse dia, grande parte das suas potencialidades sexuais. O sexo nunca fora para Maria, uma prioridade, pois o seu marido estava ausente e essa satisfação era consolidada esporadicamente e o que não é cultivado morre.
Hoje, o marido de Maria é excessivamente afectuoso, abdicou das saídas, coordenou a sua vida profissional e faz tudo para o bem-estar de Maria mas falta algo e existe um passado que não se pode apagar.
Esta semana, Maria perguntou-me:
- Estou a cometer algum erro se for infiel ao meu marido? Tenho tantas saudades de sexo continuado, de me sentir desejada, de vestir uma roupa sexy, de correr atrás de uns momentos ardentes...
O que faltava a este homem? O que conquistou com esta infidelidade?
Não consegui responder e comecei a divagar sobre o conceito de infidelidade mas não sei até quando isto durará porque Maria descobriu, depois deste adultério, os valores, as necessidades e facilidades que detém para a infidelidade. A ocasião faz o ladrão!
sinto-me: confusa
Quinta-feira, 3 de Janeiro de 2008
Olá 2008! É o regresso ao meu cantinho. Já tinha saudades.
Continua aqui na minha mente um tema debatido durante o ultimo mês de 2007 nos blogs, o assunto “sogra”.
Será que as sogras são o que dizem? Eu não posso dizer que sim porque, felizmente, nunca tive razão de queixa. Se alguma vez tive tentei apreender a condição em que vivia e as suas carências e foi o bastante para dar um passo atrás.
São prendas de obrigação, comentários inoportunos, tudo negativo para a “coitada da sogra”.
Ainda não lemos os blogs das sogras, só os das noras. Será um agrado testemunhar, daqui a uns anos, os comentários das sogras. Aí, eu vou-me rir e vou revelar as opiniões das actuais noras e futuras sogras. Quem sabe, até compará-las!
Porque será que as pessoas não entendem que as atitudes dependem do contexto e das necessidades de cada um.
Se, as sogras de agora são assim como serão as futuras sogras destituídas dos filhos que, actualmente enchem de mimos contrariamente ao que se fazia no passado?
Eu também não compreendo muita coisa mas sei uma, a minha sogra é mãe do meu parceiro e um dia eu também serei sogra. Um dos meus desejos é não ser o que vejo mas não posso dizer que não serei. Na altura veremos, prefiro, actualmente, respeitar e calar seguindo um princípio de educação, afeição e respeito pela idade e pelas circunstâncias em que as pessoas convivem.
Ah, já me esquecia. O que falei para as noras e sogras também serve para os genros e sogros. Já lá vai o tempo em que só as mulheres eram cuscas e conflituosas!
Foi só para iniciar o ano de 2008 com um assunto animado. Lol
sinto-me: confusa