Quarta-feira, 30 de Maio de 2007

pais e filhos....o eterno confronto

Ontem concebi que teria que escrever alguma coisa sobre um assunto com o qual à anos me deparo. Pais e filhos na vida moderna. Até soa a palestra mas paciência lá terá que ser.

Era meia-noite quando, um dia desta semana, tocou a minha campainha. Quem seria, aquela hora da noite? Fiquei ansiosa. Atendi e entendi que era uma colega da minha filha, a chorar. Eu sabia que elas se tinham zangado. Sabem porquê? Porque tinham reservado um encontro com um rapaz e a amiga da minha filha, sabendo que ela gostava do rapaz, “fez-se a ele”. Obvio que aquilo incitou uma grande agitação e a minha filha enfureceu-se. Desnorteada com a desavença, a amiga da minha filha, deixou que a família adormecesse e veio a pé até à minha casa pedir-lhe desculpa. Esqueci-me de dizer que elas têm 13 anos, a distancia das nossas casas é de 500 metros e àquela hora, a rua é totalmente escura.

Após este acontecimento e pela minha vida profissional ter uma proximidade constante com as dificuldades relacionais, quer entre pais e filhos quer entre cônjuges, não posso deixar de enunciar aqui algumas interpretações que, achei por bem divulgar. Não quero mudar o mundo mas basta que uma única pessoa esteja atenta para valer a pena o que escrevo aqui.
Pois bem!
Adultos e crianças têm os mesmos anseios e as mesmas solicitações, em contextos diferentes. Sexo, lazer, mentira e outras motivações.
Adultos e crianças têm as mesmas responsabilidades em âmbitos distintos: efectivar os objectivos com mais ou menos penhor.
Adultos e crianças respondem perante alguém. Uns diante os filhos outros perante os pais.
Adultos e crianças gozam a liberdade. Os adultos pretendem ser independentes, as crianças também. Quem não estima a liberdade?
Não existem, aqui, conflitos de gerações, existem motivações e comprometimentos análogos, numa conjuntura diferente.

Senão vejamos:
Os pais gostam de sexo e tudo que se relaciona com ele, sites, filmes, ambientes, etc. Os filhos também. Porque será que os pais podem transitar nestes espaços e os filhos não? Dir-me-ão: - os filhos não têm maturidade para enfrentar isto. E os pais têm? Qual é a maturidade de um pai ou uma mãe que “deposita” os filhos num familiar, amigo ou companheira, constantemente, para ter disponibilidade de acção nas relações extraconjugais? Poder-me-ão dizer o que todos me dizem: - Temos que ter a nossa vida pessoal. Claro que sim, mas temos que fazer escolhas e quem quer ser inteiramente livre, opta por essa condição, não assume uma família.
As crianças são sentenciadas pelos pais porque mentem. E os adultos o que fazem? Sempre com jogos de falsidades e omissões.
As responsabilidades, apesar de divergentes, são as mesmas. Quem nunca ouviu os pais lamentarem a facturação dos telemóveis dos filhos? Quem nunca apreendeu o desembolso das mulheres ou homens em telefonemas com relacionamentos?

Ainda à dias ouvi um pai dizer: - dei-lhe 50 euros para almoçar porque não tinha troco e gastou tudo em colares e pulseirinhas. Nesse mesmo dia eu tinha-o visto a entrar para um motel que custava 100 euros! O que é isto? Que diferença de responsabilidades são estas?
Não podemos cobrar dos nossos filhos o que nós próprios não gerámos. Se os filhos nos têm que dispensar estimas, o mínimo que poderemos fazer é também conceder o mesmo. A opção por uma família é mesmo isso: um grupo.

A independência é o que as pessoas mais cobiçam, no entanto os filhos são dependentes dos pais, como é natural. Até aqui, estou de acordo. Mas, e os pais não deveriam ser também dependentes da família. Será que são? Não gostam de pegar no carro e desanuviar quando estão melancólicos, sem dar satisfação a ninguém? Não gostam de aplacar o stress com conveniências alheias à família? Será normal que as crianças também gostem. Não acham?

Humorístico, ouvir os adultos dizerem: - eu dou-lhe tudo, trabalho para o futuro dele, não tenho tempo para nada. É verdade, dão-lhes dinheiro para os iludirem e não os atrapalharem. Assim ficam livres para tudo. O tempo é ocupado nos interesses pessoais.

Ainda esta semana um jovem me dizia: - eu não conseguia viver naquele ambiente, os meus pais só discutiam. Eu elucidei que todos os casais têm problemas e quando ia continuar ele disse-me: - os meus pais não tinham, até alguém se meter no meio deles.

Eu não desaprovo a separação. Longe disso. Apenas penso que as separações deviam ser consequência de um mau estar entre duas pessoas e não a descoberta de jogos de um ou dos dois lados. A condição de um pai ou uma mãe se avizinhar dos filhos e expressar que não gosta mais do pai ou da mãe ou não se compreendem fomenta dor, mas não os malefícios que se vêm nas separações. O que poderão dizer os filhos ou o cônjuge? A pessoa foi íntegra, não desprezou, apenas deixou de gostar e teve a dignidade de expressar a sua escolha. Aqui existe uma separação inteligente. Apesar da dor, não existem motivos para controvérsia. Temos que aprovar o não do outro, quer apoiemos ou não. O que desperta lesões são as querelas incitadas pelas intrujices, jogos, falta de honestidade e insídia. Não existe separação inteligente quando as pessoas não são dignas em assumir que algo está mal e se decidem por embustices, juras e propensões.

É tocante ouvir um filho ou filha respingar a uma mãe ou a um pai quando estes previnem para não andarem com aquele ou aquela e estes responderem: - e tu? Andas sempre a trair o pai ou a mãe. Ou então, - e tu, desde que te separaste só anda atrás de homens, não me ligas. Qual a nossa credibilidade para pedir responsabilidades?

Tudo isto, a propósito da ida lá a casa da amiga da minha filha! Isto tudo, porque os pais estão separados e a educação, carinho e atenção, simplesmente não existe, cada um dos pais quer a sua vida privada e a filha fica em segundo plano. Isto tudo porque quando uma criança ” rouba” o namorado à amiga o que fará quando crescer? Isto tudo, porque a menina fugiu de casa à meia-noite, sujeita tudo. Eu sei que são posturas adolescentes mas criemos condições para que não sintam esse padecimento e preparemo-las, provando que somos merecedores de um seguimento, para serem pessoas dignas mais do que facultarmos dinheiro ou estudos superiores. com a dignidade tudo o resto vem. Têm muito tempo, na vida, para sofrerem. Poupem-nos.

Não nos devíamos ilibar de culpas. Qualquer acção exercida por nós pode influir nos outros. Quem sabe, se o responsável pela admissão na academia das artes não tivesse rejeitado o Hitler, talvez o mundo não assistisse aos tormentos duma guerra mundial. Talvez! Como dizemos em econometria, calculemos a verosimilhança. 

Quando falo com as pessoas e interrogo o porquê destes jogos de vários relacionamentos, elas retribuem sempre com a mesma resposta: - a adrenalina, o risco…
Adrenalina e risco não será subir o monte de Ivereste, descer os rápidos em Victoria Falls ou no Zezere, fazer Bungee Jumping em Cleveland Bridge , fazer amor com a pessoa que amamos e não a que nos cai do céu, ler um livro de Dan Brown ou Gordan, um amor inesquecível, ouvir Dream Theater nas alturas ou qualquer outra coisa que cada um gosto. Presumivelmente, se tivéssemos todos estes amantes a nossa busca seria dispensável.

Saboreamos momentos. É o lema mais divulgado pelas pessoas. Porque será então que a depressão, em particular, e as doenças mentais, em geral são a doença do século? Talvez porque não habitamos os momentos contínuos e traçados por nós segundo os valores fundamentais da humanidade.

As pessoas e as crianças amargam pelos nossos erros. Tropeções que, na sua pluralidade, não nos fazem bem-aventurados.

A velhice é o desfecho da nossa vida. É na velhice que nada do que compusemos é absolvido. É nela que respondemos pelos feitos. Na velhice já não somos possuidores da desenvoltura, excelência e aptidão para “comprar” nada, tudo nos é concedido graciosamente mas apenas o que semeamos
sinto-me:
música: Mudança

publicado por dulci às 10:00
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Terça-feira, 29 de Maio de 2007

Olha a "gaja loira"...parte II

Como prometi aqui vai o resto.....

Não percebi aquela cena. Será que eu não via o mesmo que ele? O que teria engodado aquele sorriso?

Eis se não quando, acontecimento que nunca tinha visto, o feitiço virou-se contra o feiticeiro. Um “gajo” começa a dar em cima de mim. Um gajo “todo estiloso”. Não me perguntem o significado desta palavra porque também não sei definir muito bem, apenas ouço dizer: aquele é “todo estiloso”. Os homens que, normalmente, se ofertam às mulheres elegendo uma postura de macho. De calças de ganga e uma camisa de várias cores, pullover pelas costas, telemóvel à cinta, cabelo com gel e sapatos castanhos bicudos e cinto castanho. Deveria ser uma alucinação o que estava a ver.

Ups! As coisas estavam a ficar cada vez mais pretas e a esquentar!
Coisas da vida, pensei eu! Considerando melhor, coisas de tontos!
O meu companheiro já não tinha vontade de sorrir. Engraçado! Porque lhe terá passado a vontade de sorrir? Estranho, não é? Tudo isto se passou nos primeiros cinco minutos em que fomos dançar.No meio daquela confusão e de mansinho, piramo-nos para a saída a fim de nos “pormos a andar”.

Definitivamente, os locais e os interesses têm o seu tempo. Aquele já não era o nosso espaço! Aquelas pessoas não eram a nossa conveniência e as suas posturas, não percebi muito bem de que mundo eram! Talvez deste mundo. Eu é que tenho estado desatenta!
Mesmo assim fiquei sem perceber qual o propósito daquelas pessoas em nos assediar, sendo evidente que estávamos acompanhados!
Medir forças? Talvez!
Criar confusão? Provavelmente.

No carro, eu e o meu companheiro rimo-nos, como perdidos. Cada um de nós criticava a outra pessoa. O mais engraçado é que eu dizia: - Olha a croma, uma tóto!, o meu parceiro respondia: - E ele? Era pior!
Que engraçado, cada um de nós incitava as criticas ao adversário, em catadupa.
Só nos calamos quando proferi: - Vamos comer. Tenho fome!

Foi a tomar o pequeno-almoço que interrompi a jardinagem, não foi? Pois!
Foi, também, com um piscar de olho que me levantei da mesa, puxei o seu braço e nos dirigimos à sala. Ui, e o pequeno-almoço? Paciência! Como costumamos dizer: “morra Marta mas que morra farta”.

Ainda de pijame e sozinhos em casa tínhamos que começar bem o dia. O Sol espreitava pelas persianas da sala criando listas de claridade na mobília, paredes e chão. Uma lista clara atravessou o rosto do meu marido e os seus olhos luziram no meio daquele ambiente obscurecido pelas janelas entreabertas.

Deu-me uma tenção louca de dançar. Não era tarde nem cedo! Depois de ligar o Mp3 ás colunas da aparelhagem, sentei o meu marido no sofá e fui vestir uma roupa mais engraçada do que o pijame e o robe.

Calhou bem, Naquela casa tinha um baú de recordações onde guardava toda a roupa de Carnaval, dia das bruxas e outros dias especiais dos meus filhos.
Quando abri o baú! Ai, a minha filha tinha tanta coisa! Algumas coisas serviam-me porque aqueles tecidos eram maleáveis e distendiam. Optei por uma burca que tinha trazido do Dubai. Tapava-me toda, era preta, tinha lenço e era fácil de despir. Tudo apadrinhava o meu intento.

Na aquela escolha perdi algum tempo que me fez equacionar se quando chegasse à sala o meu parceiro não estaria já a dormir! Nem pensar. Isso não poderia acontecer! E não ocorreu.

Quando cheguei à sala, tapadinha, o meu marido riu-se e desviou o olhar do livro que lia.
Ao som da musica, abanei a anca em movimentos circulares, fixei o olhar na sua imagem e deslizei as mãos que apunha na cinta para os braços, acariciando-os. As mangas da burca eram extensas e das minhas mãos só se viam os dedos. com a mão direita impeli a manga esquerda para cima, deixando à vista toda a mão e o pulso. Os meus dedos pareciam dançarinos com a flexibilidade e leveza que possuíam quando se manejavam. Simultaneamente agitava as pernas, anca e cabeça. Mas o importante era introduzir a vigilância em destinadas partes do corpo, separadamente.

Agora estava a ostentar as mãos e a prender atenção do meu marido nessas partes do corpo. Transferi as mãos para o pescoço, desabotoei o primeiro botão e revelei o pescoço massajando-o levemente. Do pescoço sucedi às pernas. Afaguei-as, por cima da burca, abri um pouco as pernas e a fenda da burca, que só tem botões do meio para cima, consentiu a sua visualização. Alcei uma das pernas e esta ficou desabrigada. A música acelerou e fui desviando o lenço. Bastou arremessa-lo para a cara e o cabelo se divulgaram. Os meus cabelos oscilavam e a burca já só obstruía as costas. Atirei com a burca e de soutien e cuecas fui buscar a cadeira. com a encosta da cadeira voltada para o meu marido, sentei-me com as pernas expostas para cada um dos lados e senti o resfriado da madeira no meu sexo. De braços apostados sobre a parte superior da cadeira, fixei o olhar do meu parceiro, pisquei o olho e fiz-lhe sinal para se aproximar. Passei uma das pernas sobre as costas da cadeira, rodei as nádegas sobre o assento da cadeira e possibilitei que o meu parceiro se sentasse sobre o meu colo.

Apercebi-me do seu sexo, das suas mãos a acariciarem as minhas costas e do calor do seu corpo. Abeirei os meus lábios dos seus e beijamo-nos intensamente. O sabor da sua boca era doce e o toque das suas mãos harmonioso. Os nossos corpos embutidos sobre a cadeira facultavam o contágio de calor, conforto e tacto. Levantamo-nos da cadeira e, colados, caímos sobre o resistente e resfriado chão. Rodamos sobre ele, paramos e experimentamos o toque das nossas mãos sobre o nosso corpo, o olhar de cada um de nós, o calor a percorrer os nossos físicos e a mente a efervescer de prazer.

Sobre o meu companheiro coagi as suas mãos contra o sobrado, olhei fixamente nos seus olhos e debiquei os seus lábios. Uma vez, mais outra e tantas quantas as que o meu pensamento emitiu. As debicadas persistiram pelo seu pescoço e pelos seus mamilos. Humm, ai, ah, eram as locuções mais distintas naquele lugar.
O meu fraco, são os gemidos. Qualquer suspiro me magnetiza e activa a minha excitação.

No meio das lambuzadelas e vagidos o meu devaneio acalorava, aqueles piquinhos que experimentamos nas costas e no sexo expandiram. Os sexos estavam fixados com a humidade e a pressão do seu pénis persistia para entrar naquela fenda que expelia o orvalho de prazer.

Humm… melhor seria deixar as suas mãos, já enrubescidas da pressão sobre o soalho, livres. Ambos, de mãos libertas, movemos o corpo, num acto involuntário, de forma a cada um poder acarinhar e libar o sexo oposto.
Que absorvência, aquela que o sexo oral facultava. A satisfação era contígua. Não existia a situação de “agora és tu, agora sou eu”. Ambos usufruíamos de prazer, em sincronia, o que fazia com que melhor preenchêssemos o nosso momento.

Tanta confidência, lambidelas, sabores, odores…
Repetidamente e impensadamente, parecia que ambos imaginávamos juntamente e da mesma forma, mobilizamos os nossos corpos consentindo que as faces se defrontassem.

Algo havia, que pretendia invadir um espaço sequioso pela sua incursão. Os braços alinhados e esticados do meu marido a delimitar a minha cabeça e as suas mãos sobre o chão permitiam uma postura acessível à subtileza da invasão.

Entrou.
Gememos. Aquecemos. Suamos. Movemo-nos. Resfolegamos.
Arfamos mais. Acaloramos mais. Transpiramos mais. Brandimos mais. Ofegamos mais.
Vozeamos alto. Escaldamos. Exsudamos. Sacudimo-nos.
Insistimos mais e mais até nos aliviarmos daquela pressão que nos consente um contentamento indecifrável mas muito bom.

Viemo-nos, soltamo-nos, senti o seu corpo cair sobre o meu, percebi que tombou para o chão, voltamo-nos os dois para que as faces de novo se defrontassem. Da mesma forma que tudo tinha começado.

E o jardim?

Talvez quando estiver pronto, atrás do acer vermelho!!!
música: 13 mulheres
sinto-me:

publicado por dulci às 09:45
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Quarta-feira, 16 de Maio de 2007

Olha a "gaja loira".....

Ups, um dia em cheio!

No nosso refugio, numa casinha de aldeia onde alguns dos nossos fins-de-semana são vividos longe da agitação, frivolidade e sufocação. Uma casa traçada pelas nossas determinações, grados e na qual os nossos esboços se espelhavam em tudo. Na decoração, arquitectura e exterior paisagístico o nosso trabalho era notório. Todos os pormenores, as cores, os tecidos e a disponibilidade de espaços reflectiam as nossas indispensabilidades.
Um enorme telheiro estava voltado para uma paisagem magnífica e para um potencial jardim que tínhamos alvitrado criar. Como seria o jardim?

Durante o pequeno-almoço no telheiro a conversa acerca da arquitectura paisagística desse espaço ocupou todo o tempo. Estávamos na Primavera, o sol radiava sobre os pilares da varanda e o terreno que hospedaria o nosso jardim cobria-se de flores silvestres, giestas, urzes, malmequeres e papoilas, concertando um pintalgado de vermelho, roxo, branco e amarelo. Tudo prosperara à lei da natureza. Ao fundo, as oliveiras enroupavam a terra árida em tons esverdeados.

De luvas, avental e alguns utensílios de jardinagem era a forma como nos víamos a criar toda aquela imagem que iria ser o nosso jardim. Não sei se conseguiríamos! A nossa experiência era nula mas a determinação era intensa.
Até conseguimos rir quando mencionamos a nossa reprodução, de carrinho na mão e chapéu a acarretar terra, pedras e plantas.

Mau, mau… aquela fantasia já estava a criar uma inquietação para principiar. Que carga de trabalhos! Quando os picos estragassem as nossas mãos, o calor atordoasse os nossos corpos e as costas, no final do dia, se ressentissem dos esforços. Iria ser lindo! Que raio de ideia nos tinha vindo à cabeça! Mas acho que iria ser fixe! Todos emporcalhados de terra, sempre a rezingar porque aquela pedra ficaria mal ali ou aquela planta não sobreviveria pois o clima não seria ajustado ou até porque um de nós tinha feito porcaria e tínhamos que desfazer e fazer de novo. Conseguia afigurar um de nós a dizer: - Eu não te disse que não era assim! Não ouves o que eu digo. É sempre a mesma coisa. Quem te manda fazer o que não sabes?
Mas no final do dia algum resultado assomaria, nem que fosse uma caricata imagem, seria aquela que havíamos criado.
O meu companheiro não parava de sonhar, já era normal, quando se entusiasmava com alguma coisa não parava enquanto não a concretizasse.

Enquanto estava aqui a cogitar na forma como descreveria o jardim, interveio na minha mente um acontecimento de dois dias anteriores, no meio urbano e numa discoteca.

Eu sei que nada tem a ver, mas a nossa mente é assim e quando lhe dá, faz umas incorporações que ninguém compreende. Também não interessa, afinal já sei que quem está a ler isto está a pensar descontinuar porque a horticultura é uma “seca” e como reconheço que o maior propulsor da leitura são os relacionamentos.

Bora lá falar de relações.

Afinal já há quem avance um bocadinho mais no texto.

Num bar diferente dos que costumo frequentar ou melhor um bar que a sociedade aceita. Um bar onde são admitidos casais e singles, um bar onde são permitidos todos os relacionamentos. Um bar, melhor uma discoteca. Já tenho dificuldade em dizer discoteca, talvez pela idade! Uma discoteca com duas pistas de dança, uma de mambo e outra de house.

Que confusão que andava por ali, “dançar com os olhinhos” era o estilo que prevalecia. Já sei que não conhecem esse estilo mas eu explico, as pessoas estavam de tal forma acanhadas que a única coisa que conseguiam mexer ao som da música eram os olhos! Mas tudo bem, no mínimo era distinto do que estava acostumada e até reconhecia as musicas.

Tudo corria bem até uma “gaja” se avizinhar do meu companheiro e com o que o espaço lhe permitia se manear fazendo de conta que dançava. Fazendo de conta porque, sinceramente, não percebi se aquilo era dança de rua, do ventre, de salão ou moderna. A única coisa que fazia era manear-se, desajeitadamente, e aproximar os cabelos loiros da cabeça do meu parceiro.

Eh! Comecei a olhar aquela estatura e eis que fico sem entender nada. O cabelo, quase passado a ferro de tão distendido que estava, apresentava uma cor loira, amarela ou descorada que não consegui identificar. As raízes escuras do cabelo criavam um traço escuro no cimo da cabeça. A roupa com os brilhantes e os grandes acessórios como brincos, pulseiras, colares e relógio mais pareciam o adorno de uma árvore de natal.

Não me perguntem a idade! Porque não consegui identificar. O cabelo não era o dela, o olhar com as pinturas não eram reais, a pele coberta de cremes não deixava transparecer a lucidez do tom e da textura, o corpo coberto de pechisbeques alteravam a forma e as maneiras, não percebi bem se eram de uma pessoa madura ou jovem. Ah! Já esquecia um pormenor. No meio daquelas roupas da “Zara” tinha uns óculos de sol a fazer de bandolete da “Guess”. Não tinha notado que ali havia sol mas pensei melhor e compreendi que os óculos estavam na cabeça e não nos olhos. Comecei a pensar se o conceito de óculos de sol que eu tinha era diferente. Parece que sim. Os óculos de sol, afinal não eram para proteger do sol. E a carteira da “Burberrys”? Aí sim, fiquei atónita. Uma carteira de 350 euros no meio daqueles trapos de 20 euros e pingentes de 10 euros.

Pelo que percebi, era o conceito de “gaja boa” e o mais grave era que estava a “fazer-se ao meu parceiro”, na minha frente. Seria sexo que queria? Penso que sim. Não, tenho a certeza que sim. Mas se era uma “gaja boa” porque precisaria de “dar em cima do meu marido”, é assim que se diz, não é?

Mau, cada vez entendia menos. Certo é que ela não descolava do meu parceiro, atribuísse eu os olhares de condenação que atribuísse ela não os apreendia.
O clima estava a ficar negro. Viria dali uma peixeirada? Ai, ai, comigo não!
Uma peixeirada, até era fixe, com aquele “cromo” era uma provocação! Viriam os seguranças, as mulheres puxariam os cabelos. Que filme, que comédia!
Pensando melhor, não seria nada, no dia seguinte iria acordar com sentimentos de culpa porque já tinha passado o filme.

Sabem a melhor? O estulto do meu companheiro sorriu para ela!
Desculpem meus amigos mas o texto já está muito extenso e tenho que trabalhar, amanhã continuarei este episódio.
música: what I've done
sinto-me:

publicado por dulci às 10:07
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